quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Em banho-maria
Citação do dia
The president-elect is proving to be an elusive and frustrating target. He has defied attempts to be framed ideologically [...] [and] his cabinet picks have won wide praise.", Adam Nagourney, New York Times.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Resultados eleitorais: actualização
A situação do Senado permanece mais confusa. Por um lado, continua a decorrer a recontagem no Minnesota, com um comité independente a analisar uma série de boletins de voto "contestados" pelas duas candidaturas principais. As últimas notícias indicam que o Democrata Al Franken beneficia de uma ligeira vantagem (cerca de 250 votos em 2,9 milhões), mas ainda não há quaisquer certezas nesta batalha eleitoral épica.
Por outro lado, existe uma série de vagas para preencher através de nomeação directa. Referimo-nos aos lugares de Obama (Illinois), Joe Biden (Delaware), Hillary Clinton (Nova Iorque) e Ken Salazar (Colorado), uma vez que estas quatro personalidades irão ocupar cargos na Administração federal. Têm sido avançados vários nomes (com destaque para o de Caroline Kennedy representando potencialmente Nova Iorque), mas também aqui não há ainda confirmações oficiais.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Adeus Guatanamo? (2)
A concretizar-se esta ideia, Obama enviaria um importante sinal para a opinião pública e para a comunidade internacional, rompendo claramente com as práticas da Administração Bush no domínio dos direitos humanos e das liberdades constitucionais, marcadas por abusos e violações sistemáticas.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Deus e a América
Neste complexo aglomerado, sobressai contudo um pequeno episódio, que dá conta como poucos do que realmente esteve em causa quando os Pais Fundadores criaram a República americana: a ideia que a ordem constitucional deve remeter-se ao silêncio no domínio da religião, a qual cabe apenas à consciência dos indivíduos.
Conta a lenda que, pouco depois de deixar a Convenção de Filadélfia, Alexander Hamilton (participante na elaboração da Constituição) foi abordado por um pastor protestante em Nova Iorque, que lhe perguntou por que motivo a Constituição não aludia à existência de Deus. A resposta de Hamilton vale por todos os tratados deste mundo: “Indeed, sir, we forgot it”.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Bush (quase) agredido
Na última viagem como Presidente ao Iraque, George W. Bush foi presenteado com um interessante par de sapatos, lançado por um jornalista iraquiano. Bush conseguiu desviar-se da ameaça, num belo golpe de rins, mas dificilmente poderá escapar às críticas pelos gravíssimos erros cometidos em território iraquiano desde 2003.
Citação do dia
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Sobre os deputados faltosos
Num sistema onde vinga a disciplina partidária – esse mecanismo absurdo que nega toda a lógica política e ética – os deputados são meros figurantes, a quem se pede sobretudo obediência, e não exactamente um juízo próprio. Neste aspecto muito podíamos aprender com os Estados Unidos, onde existem naturalmente dinâmicas partidárias, mas onde a ponderação e a opinião individual de um deputado são tidos como valores intocáveis.
Por outro lado, enquanto os modelos eleitorais portugueses insistirem na votação “por listas”, nunca o povo poderá directamente punir os deputados incapazes (faltosos ou presentes), que apenas se devem preocupar em agradar às cúpulas partidárias – e assim garantir uma presença na “lista”, se possível em “lugar elegível”. Para quando círculos uninominais, criando uma verdadeira proximidade entre representantes e representados?
E já agora (chamem-me utópico), por que não reproduzir um dos elementos mais notáveis do sistema político norte-americano – a existência de eleições primárias? Desse modo retirar-se-ia aos partidos o controlo absoluto sobre as nomeações políticas para cargos ao serviço do povo, obrigando os candidatos a dirigirem-se, não já às “famigeradas sedes partidárias”, mas directamente aos eleitores. Sobre este tema, afirmava em 1912 um dos grandes progressistas da história americana, Robert La Follette:
“A nomeação de candidatos para a ocupação de cargos públicos é o fundamento do governo representativo. Se homens mal-intencionados controlarem as nomeações não é possível obtermos um bom governo. [...] Temos de [...] submeter todas as nomeações ao voto directo em eleições primárias. Estando as nomeações dos candidatos sob o controlo do povo [...] o titular de um cargo público não se atreverá a procurar a renomeação caso tenha [...] traído a confiança do público”.
Sim, isto foi proferido em 1912. Temos um longo caminho a percorrer? Então é melhor começarmos já a tratar do assunto.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Obama e Blagojevich
Este vídeo pode ser útil para evitarmos uma leitura apressada do mais recente escândalo nos Estados Unidos, envolvendo o actual Governador do Illinois, Rod Blagojevich. Estando incumbindo de nomear um senador para ocupar a vaga deixada por Obama, Blagojevich ter-se-á envolvido em práticas gravíssimas de corrupção, oferecendo literalmente o cargo a quem lhe pagasse mais dinheiro.
Como se não bastasse este desplante - e mesmo sabendo que estava já a ser investigado por abuso de poder - Blagojevich terá exigido altas remunerações para a sua esposa, financiamento e apoios variados para a sua carreira política, entre outras benesses, ameaçando os "candidatos" que caso ninguém lhe pagasse o que pretendia, nomear-se-ia a si próprio.
Esta situação bizarra (reveladora de uma idiotice difícil de qualificar) foi aproveitada pelos sectores políticos mais à Direita para atacarem Barack Obama, referindo a sua relação com Blagojevich. Todavia, se é verdade que Obama foi conselheiro político de Blagojevich em 2002, desde então afastou-se quase completamente do actual Governador, que por sua vez lhe teceu violentas críticas públicas.
O vídeo acima sublinha justamente este dado, mostrando que este episódio não enfraquecerá Obama - bem pelo contrário, uma vez que um dos seus "adversários políticos" caiu em desgraça na opinião pública. Como refere o comentador da CNN, Obama tem mais razões para se sentir aliviado do que preocupado.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Um governo à deriva
domingo, 7 de dezembro de 2008
2012
Parece-me cedo para falar de nomes concretos, mas é possível tecer considerações sobre o perfil provável do candidato. Eu destacaria três vias, sendo que uma se tornará predominante na sequência do tipo de governação do Presidente Obama e do clima político da altura:
1) Os Republicanos viram-se para a ala mais populista e conservadora do partido, apostando na mobilização da base (um pouco como em 2000). Palin, o jovem promissor Jindal ou Huckabee seriam as hipóteses naturais.
2) A economia é o tema dominante da eleição. Os Republicanos preferem uma figura mais moderada, mas com credibilidade na área. Romney é o nome crucial. O antigo presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich, também seria um bom candidato.
3) O debate centra-se na segurança e na política externa. Obama teria falhado como "comandante-chefe" e os Republicanos apostam num discurso agressivo. Giuliani ou uma figura prestigiada do exército (o general Petraeus?) tornam-se os favoritos...
sábado, 6 de dezembro de 2008
A equipa de Obama (4)
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
O regresso dos Bush?
Citação do dia
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Eleições na Geórgia
Há vários motivos que o podem explicar, contudo. A máquina Republicana empenhou-se a fundo nesta disputa, depois da pesada derrota nas eleições gerais de 4 de Novembro, tendo figuras nacionais como Sarah Palin, Rudy Giuliani e o próprio John McCain feito campanha pelo senador Chambliss. Esse empenho traduziu-se numa boa mobilização do eleitorado tradicional, especialmente nas áreas rurais e nos subúrbios, onde Chambliss obteve excelentes resultados.
Os Democratas, pelo contrário, não foram capazes de reproduzir a notável mobilização do eleitorado afro-americano em 4 de Novembro, que deixou Obama apenas a 5% de McCain. Por outro lado, as condições políticas eram adversas: a Geórgia é um dos Estados mais conservadores da nação, Chambliss era um incumbente relativamente popular e Jim Martin arrancou demasiado tarde para a campanha, depois de umas primárias muito disputadas contra Vernon Jones.
Com esta vitória, os Republicanos garantiram uma minoria de bloqueio no Senado (41 lugares), independentemente de quem vencer a recontagem no Minesotta. Significa isto que poderão obstruir (filibuster) a votação de determinadas propostas prolongando indefinidamente o debate (os Democratas precisariam de 60 senadores para o evitarem). Este facto poderá assim exigir da Administração Obama uma grande capacidade de negociação com a bancada Republicana. Como referi antes, não é por acaso que o novo Presidente-eleito continua a dar sinais de pretender avançar com um gabinete e uma agenda política suprapartidários...
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Hillary Clinton, Secretária de Estado
1. Do ponto de vista da política objectiva é uma escolha excelente. Hillary tem um bom conhecimento de política externa; desempenhou durante vários anos (como Primeira-Dama) um papel importante na diplomacia americana, ainda que de forma "simbólica"; é conhecida pela maioria dos líderes internacionais, que a identificam com um período da história americana em que a palavra multilateralismo ainda queria dizer alguma coisa; e parece-me uma negociadora muito razoável.
2. Tomando-o como estratégia política é igualmente acertado. Obama parece ter-se inspirando no ideal "equipa de rivais", integrando uma potencial adversária na sua Administração e comprometendo-a por isso às suas próprias decisões. Com Hillary na Secretaria de Estado Obama silencia uma voz dissonante no Senado que poderia ser ensurdecedora por volta de 2012. De certo modo, esta jogada reproduz inteligentes manobras do passado, quando Abraham Lincoln juntou no seu próprio gabinete antigos inimigos políticos, ou quando Kennedy convidou o seu maior adversário na Convenção Democrata, o senador Lyndon Johnson, para fazer parte do "ticket presidencial" de 1960.
3. Por fim, a escolha de Hillary Clinton envia um importante e tranquilizador sinal político à opinião pública. Com efeito, Obama foi anteriormente atacado por ser demasiado liberal e estar dependente dos sectores mais à esquerda do Partido Democrata. A escolha de uma senadora moderada e experiente, ligada a uma das Administrações mais centristas dos últimos tempos, mostra que Obama pretende seguir uma agenda própria, que provavelmente reconciliará decisões estratégicas conservadoras com uma política socialmente progressista.
É certo que Obama pode ser acusado de estar a trair a mensagem de mudança que caracterizou a sua campanha, mas talvez mais importante que isso é difundir a ideia de que a Administração Obama se guiará por princípios moderados, racionais e ponderados, rompendo com um irresponsável passado recente.
domingo, 30 de novembro de 2008
Resultados eleitorais: actualização
Subsistem assim dúvidas em três eleições para a Câmara dos Representantes: no 4º Distrito da Califórnia (onde o Republicano McClintock lidera por 632 votos, num universo total de 340 mil); no 15º Distrito do Ohio (o Republicano Stivers tem uma vantagem de 149 votos em 270 mil); e no 5º Distrito da Virgínia (o Democrata Periello lidera por 760 votos em 320 mil). Os casos da Califórnia e do Ohio seguem neste momento para uma recontagem, enquanto na Virgínia tudo depende da análise de vários "absentee ballots". No Senado prossegue igualmente a recontagem manual da aguerrida disputa entre Al Franken e Normal Coleman, mantendo-se este último (Republicano) ainda na frente.
Não há ainda também resultados finais na eleição presidencial, faltando contagens na Califórnia, Illinois e Nova Iorque. A contagem actual (segundo a CNN) confere 66,882 milhões de votos para Obama contra 58,343 de McCain. No Colégio Eleitoral o resultado final foi de 365-173, tendo o Missouri ficado para McCain e o 2º Distrito Congressional do Nebraska (1 voto) para Obama.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Citação do dia
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Alterações climáticas e política ambiental
Esta intervenção em 17 de Novembro passou algo despercebida, mas refere-se na minha opinião a um tema crucial dos próximos anos. Obama compromete-se a romper com a Administração Bush, reavaliando os desafios inerentes às alterações climáticas e à política ambiental. Destacaria três ideias fundamentais:
1. "Os factos são claros". O debate científico pode e deve prosseguir, mas existe já um consenso razoável sobre as alterações climáticas, o efeito dos gases de estufa na atmosfera e as consequências da poluição na biosfera. Fingir que não possuímos ainda este conhecimento - como se tem feito nos EUA nos últimos anos - é negar a evidência, criando um obstáculo artificial e inútil à necessária busca de soluções.
2. A necessidade de uma dinâmica cooperativa entre diferentes entidades. O governo federal deverá empenhar-se no combate aos efeitos nocivos da poluição e da emissão de gases nocivos, mas o sucesso destas políticas depende da participação activa das autoridades estaduais, das empresas privadas e do cidadão comum. Por outro lado, é obviamente necessário obter acordos com os outros países, em particular as chamadas potências emergentes (Índia, China, Brasil, etc.).
3. Uma nova política ambiental pode ter efeitos positivos na economia real. Uma aposta séria nas energias renováveis e em tecnologias não-poluentes criará milhares de empregos nestas áreas - em investigação científica, processos de manufactura, publicidade, design, etc. - um benefício "colateral" muito relevante num momento de crise económica.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Chambliss vs. Martin
Chambliss é um Republicano sulista tradicional, alinhando com a orientação social conservadora do seu partido e defendendo o alívio fiscal como forma de estimular o progresso económico. Na sequência do 11 de Setembro defendeu o reforço da segurança interna e das medidas anti-terrorismo, tendo declarando uma guerra aberta contra o islamismo em geral (Chambliss afirmou mesmo que todos os muçulmanos que entrassem na Geórgia deveriam ser presos). Obteve o seu lugar em 2002 e é membro do Comité do Senado para a Agricultura e Assuntos Florestais desde 2005.
Jim Martin, de 63 anos, foi durante duas décadas membro da Câmara dos Representantes da Geórgia, tendo posteriormente desempenhado o cargo de Comissário de Recursos Humanos, na Administração estadual. Martin é um Democrata moderado, conhecido em particular pelas suas propostas reformistas nas áreas da saúde e dos benefícios sociais. Como seria de esperar, reúne a preferência das minorias, do voto feminino e do eleitorado urbano, uma coligação forte que lhe confere esperanças para o dia 2.
Em todo o caso, as sondagens indicam que Chambliss é o favorito, embora por uma ligeira vantagem (4,2% na média do Pollster). Numa eleição deste tipo a afluência às urnas é tipicamente baixa, pelo que o resultado final depende muito da capacidade de mobilização do eleitorado tradicional. Os Republicanos costumam ser especialmente eficazes neste campo, mas Martin procurará beneficiar da excelente organização de base construída por Obama nos últimos meses. O candidato Democrata seria igualmente beneficiado caso o Presidente-eleito fizesse campanha activa na Geórgia, mas Obama não pretende alienar capital político comprometendo-se abertamente numa corrida desfavorável ao seu partido.
Citação do dia
A integração europeia e o caso americano
Este argumento assenta num princípio falacioso, uma vez que ao contrapor o caso europeu ao exemplo americano assume que este último foi construído sobre um consenso generalizado. Ora, a diversidade – que os europeus tanto pretendem reclamar como sua propriedade exclusiva – era na verdade dominante entre os Estados americanos quando a sua União ganha forma.
As assimetrias geográficas e demográficas entre os Estados americanos eram gritantes. A Virgínia ocupava 1/6 do território e era cerca de sessenta vezes maior que Rhode Island. As distâncias eram impressionantes, num período em que a carroça era o meio de transporte mais utilizado. A maioria dos americanos vivia num meio rural, mas já havia grandes cidades (Filadélfia, Nova Iorque, Charleston). A população da Virgínia era doze vezes superior à da Geórgia. Em Filadélfia viviam mais pessoas do que em todo o Estado do Delaware.
Naturalmente, existiam riquíssimas diferenças culturais e religiosas. Oriundos de vários países europeus, os colonos trouxeram consigo múltiplas crenças e tradições. No Massachusetts predominavam os Puritanos, na Pensilvânia os Quakers, em Rhode Island os Baptistas, no Connecticut os Presbiterianos, na Virgínia os Anglicanos, em Maryland os Católicos. Existiam incontáveis seitas. Os costumes de um comerciante de Filadélfia e de um proprietário de Richmond eram tão diferentes que, não fosse o facto de ambos falarem inglês, dir-se-ia que seriam perfeitos estranhos.
A vida económica dos Estados americanos não podia ser mais díspar entre si. O Sul, esclavagista e aristocrático, vivia sobretudo da exportação de algodão e tabaco para a Europa. O Norte, industrial e empreendedor, apostava na pesca e nos bens manufacturados. As relações comerciais entre os Estados eram mínimas. Na verdade, dois terços das trocas ocorriam com a Grã-Bretanha e com a França. Não existia uma moeda comum.
As diferenças institucionais levariam um estudante de ciência política à exaustão. As constituições estaduais incluíam sistemas bicamarários e unicamarários, assembleias muito numerosas ou incrivelmente restritas. O poder executivo era conferido ora a um Governador nomeado pela Legislatura, ora a um Presidente eleito, ora a um conselho senatorial. A duração dos mandatos oscilava entre um e seis anos. O direito de voto variava de tal forma que em Nova Jérsia as mulheres votavam e na Geórgia um proprietário de pequena dimensão não o podia fazer.
Não havia um sistema judicial homogéneo. A educação estava a cargo dos condados e era igualmente díspar. Não existia um exército comum.Os Estados americanos nunca haviam conhecido qualquer tipo de vínculo político anterior aos eventos revolucionários e, de um modo geral, era estranho à população um sentimento propriamente nacional. Os indivíduos eram “habitantes dos Estados”. Falava-se da América e da revolução americana, mas a figura de um povo americano era uma ideia bizarra.
Em síntese, nos anos decisivos da fundação dos EUA (entre 1770 e 1790) existiam entre os Estados mais diferenças do que semelhanças. E, no entanto, essas divergências não impediram a criação da primeira república federal moderna. O que aconteceu, então? Empenho de um pequeno grupo de figuras públicas que arriscaram as suas carreiras estaduais porque sonhavam com uma grande nação. Crença num projecto que poderia conciliar as diferenças e harmonizar dinâmicas e interesses distintos. Vontade política, em suma.
Neste caso, o que falta à Europa? Essa mesma vontade política. Esse mesmo empenho. E a disponibilidade e honestidade intelectual para perceber que a diversidade não é um obstáculo, é uma benção.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
A equipa de Obama (3)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Notícias do senado: actualização
O caucus Democrata do Senado (uma espécie de bancada parlamentar) conta agora com 58 senadores - tendo conquistado sete lugares aos Republicanos só nesta eleição - embora dois deles sejam independentes (Sanders e Lieberman). O caso de Joe Lieberman - um ex-Democrata que apoiou McCain - ficou ontem definido, com os senadores Democratas a votarem no sentido da sua continuidade no caucus Democrata, decidindo ainda que Lieberman mantivesse a liderança do Comité do Senado para a Segurança Interna. O apoio de Obama a esta solução terá sido decisiva para desbloquear a situação.
Com estes novos dados, os Democratas continuam a sonhar com a super-maioria de 60 senadores. Caso Al Franken vença a recontagem no Minesotta, todos os olhos ficarão postos na 2ª volta da eleição na Geórgia (2 de Dezembro), a qual opõe o Republicano Chambliss ao Democrata Martin. A campanha já está no terreno e prevê-se uma disputa muito equilibrada...
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Como sempre (II): resposta a Henrique Raposo
Dito isto, continuo a discordar de alguns argumentos. Que eu saiba, Jefferson nunca foi “contra a formação do Supremo [Tribunal]”. Pelo contrário, numa carta a Madison (15/03/1789), Jefferson sublinhou a importância dos tribunais federais no novo edifício constitucional. O que Jefferson recusou foi a ideia de uma “política judicializada”, através da qual os tribunais se envolveriam na promoção de uma determinada agenda legislativa. Crítica essa que é aliás hoje reproduzida pela Direita americana, ironicamente.
Tenho também dúvidas na frase “Jefferson foi um adversário da Constituição”. Exceptuando o episódio de 1798, não encontro essa oposição. Pelo contrário. Jefferson elogiou o texto (igualmente em cartas a Madison), advogou um sistema federal (embora com maior peso nas estruturas de poder local) e serviu como Secretário de Estado, Vice-Presidente e Presidente sob essa mesma Constituição sem que a tenha procurado alterar através de disposições políticas ou legais. Aliás, a única vez em que isso aconteceu (aquando da Compra da Louisiana), foi no sentido de reforçar o poder executivo (dando-lhe competência para adquirir territórios).
Por outro lado, aquilo que motivou o meu texto inicial foi a expressão “Jefferson, como sempre, estava errado”. Eu percebo que se tratava de uma crónica, e não de um artigo académico. Mas em todo o caso, trata-se evidentemente de um exagero. Não por acaso, o Henrique Raposo não se referiu na sua resposta às propostas de Jefferson no campo da liberdade religiosa, do fomento da educação, ou da criação e defesa dos partidos políticos. É que realmente aí não há dúvida de que Jefferson estava certo...
Citação do dia
domingo, 16 de novembro de 2008
Um moderado em dificuldades
Um outro grupo desvaloriza os resultados de 4 de Novembro, decreta como inevitável uma grande desilusão mundial e conclui que a Presidência de Obama está condenada ao desastre (quase toda a Direita e vários comentadores conhecidos como João Pereira Coutinho, Pulido Valente e Alberto Gonçalves).
Pergunto-me se no meio de todo este maniqueísmo ainda haverá espaço para moderados como eu, que reconhecem a Obama notáveis qualidades políticas e intelectuais, esperando por isso uma Presidência bem-sucedida em vários domínios, e que, simultaneamente, não só não acreditam em "mudanças" imediatas por decreto, como sabem que o complexo quadro internacional não permite soluções políticas absolutas e messiânicas.
Sarah Palin ridicularizada (II)
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Ainda as eleições americanas e o racismo
O mapa refere-se aos condados onde McCain teve melhores resultados que Bush em 2004. O que encontramos? Com as excepções óbvias - Alaska (Palin), Arizona (McCain) e Louisiana (ainda efeitos do Katrina) - esse crescimento eleitoral verificou-se quase exclusivamente numa longa faixa geográfica que incorpora a Appalachia (Virgínia Ocidental, Kentucky, Tennessee) e os conservadores Estados do Arkansas e do Oklahoma.
Tratam-se de Estados tipicamente Republicanos? Não. Vários Democratas ocupam posições políticas relevantes (a nível local, estadual ou federal) nestas regiões, e embora sejam recentemente fiéis aos Republicanos em eleições presidenciais, muitos destes Estados votaram por exemplo em Clinton em 92 e 96.
Tratam-se de Estados particularmente sensíveis à mensagem política de McCain? Não. Nenhum destes Estados tem economias saudáveis, pelo que o discurso contra os "interesses financeiros" e a favor dos cortes de impostos para os mais abastados não tem aqui grande ressonância. Além disso, são Estados com alguma pobreza, pelo que a "mensagem social" Democrata até poderia valer muitos votos...
O que está em causa não é um apoio particular a McCain, mas uma rejeição de Barack Obama - em especial pelo facto de ser negro. Estas são regiões muito conservadoras, com uma população pouco educada, tipicamente rural e avessa seguramente à ideia de um Presidente negro. Não por acaso foram Estados que deram vitórias claras a Hillary Clinton nas Primárias e onde as "exit polls" encontraram focos de racismo mais expressivos.
Em suma, a vitória de Obama mostrou que a América, como um todo, foi capaz de transcender os limites raciais e eleger um chefe de Estado de uma etnia minoritária (algo raro e notável); mas não devemos com isto concluir que não existem focos pronunciados de racismo nos Estados Unidos.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Resultados no Senado: actualização
No Minesotta, a contabilização dos votos condicionados terminou, e o Republicano Coleman lidera por 200 votos. O Estado já deu ordem para que ocorra uma recontagem manual, mas como esta depende fundamentalmente de uma lógica interpretativa, Democratas e Republicanos enviaram para o Minesotta uma legião de advogados e observadores para garantirem que tudo decorre de forma legítima. Mas o facto de o Secretário de Estado do Minesotta (responsável pela supervisão do processo) ser Democrata tem levantado dúvidas entre os sectores Republicanos, que temem uma manipulação da recontagem a favor do Democrata Franken. O caos está instalado.
Citação do dia
Ciclo "Cultura e Política nos Estados Unidos"
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Como sempre
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Resultados finais?
Também o caso do Nebraska continua por definir. Juntamente com o Maine, este é o único Estado que divide os seus Votos Eleitorais por "distritos congressionais" (3), cabendo ao vencedor do Estado na sua totalidade dois Votos Eleitorais. McCain teve uma clara maioria neste último parâmetro, ganhando também os distritos 1 e 3. Porém, os resultados do distrito 2 (que inclui a cidade de Omaha) são inconclusivos, dada a extrema proximidade entre Obama e McCain (o Democrata terá uma vantagem de mil votos em cerca de 280 mil). Algumas fontes indicam que Obama foi mesmo o vencedor deste Voto Eleitoral singular, mas ainda não existe uma decisão oficial.
Se estes cenários provisórios se confirmarem, Obama recolherá 365 Votos Eleitorais contra 173 de McCain, vencendo o voto popular por 7% (mais 8,1 milhões de votos do que McCain). Para quem continua a falar em "triunfo marginal", estes dados são reveladores...
No Senado permanecem dúvidas em dois casos: no Minesotta decorre uma recontagem automática (o Republicano Coleman beneficia de uma vantagem de 206 votos sobre Al Franken, mas existem 3 milhões de votos para analisar...); no Alaska, o Republicano Stevens, a braços com uma condenação judicial por corrupção, deverá ter vencido a eleição, embora não haja confirmação oficial. Afinal, fenómenos como o de Fátima Felgueiras não são um exclusivo português...
A equipa de Obama (2)
O cargo de Secretário da Defesa parecia em tempos um dos mais cobiçados, com o senador Jack Reed (Rhode Island) e o já referido Hagel bem posicionados. Todavia, nas últimas semanas vários órgãos de comunicação social afiançaram que o actual Secretário, Robert Gates, deverá permanecer no cargo, para impedir a existência de maior instabilidade na condução da política americana relativamente aos conflitos no Iraque e no Afeganistão.
Outros cargos muito falados nos últimos dias são o Secretário do Tesouro (sendo Timothy Geithner e Lawrence Summers, ambos ligados à bem-sucedida Administração Clinton, mencionados como favoritos a obter o lugar), Procurador-Geral (a Governadora do Arizona, Janet Napolitano, é o nome mais referido, mas Hillary Clinton não é uma hipótese a desconsiderar) e Conselheiro de Segurança Nacional (James Steinberg deve ficar com o cargo).
A equipa de Obama (1)
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Adeus Guantanamo?
Em todo o caso, esta medida dotaria os acusados de uma série de protecções constitucionais e legais que a situação actual lhes nega. Por outro lado, este seria sem dúvida um passo decisivo para encerrar definitivamente a prisão de Guantanamo e o estatuto ambíguo (para não dizer perverso) que a Administração Bush lhe conferiu: um espaço de detenção onde os prisioneiros não beneficiam de quaisquer direitos jurídicos.
Obama, que descreveu Guantanamo como "um triste capítulo da história americana", poderá assim eliminar um dos elementos que mais contribuíram para a erosão do capital simbólico dos Estados Unidos na ordem mundial. Uma decisão urgente e justa, que, a confirmar-se, enfurecerá a linha dura do Partido Republicano, mas ocupará muitos cabeçalhos elogiosos na imprensa americana e internacional...
Citação do dia
domingo, 9 de novembro de 2008
E o que aconteceu no Congresso?
O Partido Democrata conseguiu também recuperar seis lugares no Senado, composto actualmente por 55 Democratas, 40 Republicanos e 2 independentes (alinhados porém com os Democratas). Três eleições continuam por decidir. No Alaska, Ted Stevens (R) e Mark Begich (D) estão separados por cerca de 4 mil votos, mas ocorreram diversas irregularidades e o resultado oficial não é ainda conhecido. No Minesotta, Norm Coleman (R) e Al Franken (D) ficaram separados por 250 votos, num universo total de 2,5 milhões! Um desfecho impressionante que exigiu naturalmente uma recontagem automática. Por fim, na Geórgia será necessária uma segunda volta (marcada para 2 de Dezembro), uma vez que nenhum candidato obteve os necessários 50% dos votos (de acordo com a lei estadual).
Se os Democratas vencerem estes três lugares em disputa - o que, sendo improvável, não é impossível - chegariam ao número mágico de 60 lugares, que lhes permitiria usufruir de uma maioria confortável no Senado, imune à chamada "minoria de bloqueio". Este mecanismo, denominado filibuster, permite ao partido da oposição adiar votações de leis polémicas através de um processo de obstrução legislativa, que pode no entanto ser travado com o voto de 60 senadores. Daí ser tão importante para a maioria - e eventualmente para a Administração Obama - beneficiar desta vantagem numérica.
Sarah Palin ridicularizada
Em todo o caso, as notícias que vieram a público são especialmente graves. Membros do staff Republicano descreveram Palin como uma candidata totalmente impreparada, caprichosa, egoísta e desesperadamente ignorante. A Newsweek noticiou que Palin e a sua família terão gasto milhares de dólares em compras pessoais com fundos da campanha, e a FOX News referiu mesmo que a Governadora era uma nulidade em política externa - não sabendo sequer que África é um continente, e não um país.
É difícil saber se estas notícias são verdadeiras. Eu pessoalmente não acredito. Mas o simples facto de a opinião pública considerar seriamente aquela possibilidade diz bem da falta de credibilidade que rodeia a figura de Sarah Palin. Culpa sua, pela inépcia argumentativa revelada ao longo da campanha e pelo populismo e anti-intelectualismo que caracterizaram o seu discurso. E culpa de McCain, que deveria ter escolhido para parceiro (a) um candidato (a) mais sólido (a).
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Os erros de McCain
1. Uma campanha inconsistente. O comportamento errático de McCain - por contraste com a tranquilidade de Obama - terá gerado dúvidas no eleitorado indeciso, perplexo pela forma como McCain reagiu a certas circunstâncias políticas essenciais, como por exemplo a crise financeira de meados de Setembro: elogiando primeiro os “alicerces” da economia, para depois se contradizer com afirmações sobre o estado calamitoso da situação; suspendendo a campanha para patrocinar um acordo no Congresso para o qual nada contribuiu; e ameaçando por fim faltar ao debate presidencial...
2. A escolha de Sarah Palin. A Governador do Alaska galvanizou a base Republicana, mas a sua ignorância sobre política externa, o seu conservadorismo extremado (contra o aborto mesmo em situações de incesto e violação, por exemplo) e o seu anti-intelectualismo (defesa do criacionismo; negação das alterações climáticas; guerra à ciência) alienaram muitos eleitores independentes. Demasiados, para que McCain pudesse ganhar Estados vitais como a Florida, o Ohio ou a Virgínia.
3. Flutuações temáticas. Qual era afinal a mensagem de McCain? Um “rebelde” político ou um exemplo de estabilidade? Um reformador ou um membro da elite de Washington? Um agente de mudança ou um político experiente e consolidado? Para além destas indefinições, a sua campanha foi excessivamente difusa na abordagem dos temas. Impostos, reformas, hipotecas, Wall Street vs. Main Street, segurança interna, independência energética, off-shore drilling, prosperidade económica, críticas à Rússia e ao Irão, aborto, ambiente. De tudo falou um pouco; mas nunca de forma suficientemente incisiva.
4. Erros estratégicos. McCain tinha muito menos dinheiro para gastar que Obama e por isso deveria ter gerido os seus recursos com maior ponderação. Compreende-se a tentativa de competir em vários Estados até ao início de Outubro, por exemplo. Mas como explicar os milhões de dólares investidos no Iowa, Wisconsin ou Pensilvânia – Estados que as sondagens há muito davam como perdidos? E por que votou McCain o Oeste ao abandono? – região onde além do mais podia conquistar os hispânicos (pelas suas posições moderadas no tema “imigração”). E como é possível os Republicanos terem investido na Florida zero dólares - zero - até ao início de Setembro?
Anti-Presciência
"And when you look at the serious questions that face us, whether it's energy or the economy, or the war on terror, I think John McCain's experience ends up being something that will win the race for him.", Rudy Giuliani, 6 de Agosto de 2008.
"[...] the common sense of Americans will override curiosity about Barack Obama and infatuation with his celebrity, and trust John McCain to pilot the country for the next four years. America is a great and good nation, and it will not turn itself over to a party in the grip of its hardest left cadres, its most corrupt machine and its least experienced nominee ever.", Hugh Hewitt, 3 de Outubro de 2008.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Presciência
"O primeiro negro que compreendeu que já não era necessário apostar na culpabilidade mas na sedução? O primeiro a querer ser, não a censura da América, mas a sua promessa? A passagem do black em guerra para o black que tranquiliza e une? Um futuro presidente mestiço? Um bilhete de viagem, um dia, com Hillary? Ou o princípio do fim das religiões identitárias?"
[Bernard-Henri Lévy, Vertigem Americana, 2005].
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
América a votos: notas finais
5h28. Os Democratas conseguem maiorias confortáveis no Senado e na Câmara dos Representantes. Tendo em conta que em 2006 já tinham "roubado" lugares aos Republicanos, esse facto não deixa de ser notável.
5h24. Ainda não é certo, mas a Carolina do Norte e o Indiana devem cair para Obama, mesmo que por margens curtíssimas. O Ohio foi de facto a conquista decisiva, mas confirma-se a ideia de que Obama tinha diversos "caminhos para a vitória". Obrigar McCain a lutar em vários Estados e regiões - quando dispunha de vantagem financeira e organizativa no terreno - foi uma estratégia que pagou dividendos.
5h17. Parece que alguns comentadores portugueses, depois de desdenharem meses a fio as hipóteses de Obama, descobriram um novo desporto: relativizar a sua vitória. "Margens mínimas", escreve-se por aí. Alguns dados: Obama é o primeiro Democrata desde Jimmy Carter, em 1976, a ultrapassar 50% do voto popular. A sua contagem no Colégio Eleitoral deverá ser superior a 350 Votos Eleitorais (contra menos de 190 de McCain), mais 80 Votos do que conseguiu Bush em 2000 e 2004. Estima-se que Obama tenha ganho cerca de 5 milhões de votos a mais que McCain. Triunfo apertado? Margens mínimas? Maus fígados, diria antes.
América a votos (8)
5h10. Um discurso muito interessante, embora sem ideias novas. Obama já fez o que tinha a fazer. O que será interessante nos próximos dias é avaliar a composição da Administração. Cá estarei para comentar essas escolhas.
4h57. Começa bem, com uma referência ao momento histórico que vivemos. E de novo as ideias-chave da sua campanha: um apelo à unidade do país, uma mensagem supra-partidária e o desejo de devolver aos EUA alguma da excelência perdida nos últimos anos.
4h55. Obama vai discursar em breve. Que ocasião incrível! Um negro, abandonado pelo pai, educado pelos avós, sem um passado de guerra, sem antepassados famosos, sem ligações ao poder, sem um passado político relevante, torna-se Presidente da maior potência do mundo...
4h47. Grandes derrotados da noite? A ala populista e nacionalista do Partido Republicano, incapaz de garantir vitórias até em Estados sulistas como a Florida, a Virgínia (e provavelmente a Carolina do Norte). Mark Penn, o estratega de Hillary Clinton, que escreveu há um ano "Barack Obama é inelegível. Nunca os americanos escolherão um candidato com o seu passado e o seu nome". Aqui no burgo? André Pessoa, provavelmente o mais radical e insensato comentador político que alguma vez escreveu na blogosfera.
4h46. Tudo aponta para que Obama ultrapasse os 50% do voto popular (contando os votos em toda a nação), o primeiro Democrata a consegui-lo desde 1976. Este facto é relevante porque reforça a legitimidade da sua vitória, podendo de certa forma silenciar algumas críticas mais ferozes dos seus opositores.
4h42. Loucura no Indiana e na Carolina do Norte. Obama lidera no primeiro por apenas 10 mil votos (num total de 2,5 milhões), com 97% dos votos apurados. E lidera também na Carolina do Norte por somente 25 mil votos (num total de 4 milhões), com 95% dos votos apurados. Se Obama vencer estes Estados, estamos perante um triunfo fabuloso no Colégio Eleitoral, próximo do que conseguiu Bill Clinton em 1992 e 1996.
4h39. Mais alguns dados: Obama vence no Colorado, Nevada e Novo México. Os hispânicos rejeitaram a ideologia Republicana, demasiado agressiva (quase xenófoba, na verdade) em relação à imigração.
América a votos (7)
4h33. Uma nota referida múltiplas vezes esta noite por vários comentadores portugueses (na rádio, tv e net): Obama conseguiu uma boa vitória, mas os europeus vão desiludir-se rapidamente, pois nada vai mudar. Subscrevo a crítica à messianização de Obama, mas a sua Administração pode e deve ajudar a resolver problemas cruciais do nosso tempo como a política ambiental, a dependência energética e a instabilidade no Médio Oriente. Quando Roosevelt, Kennedy e Reagan chegaram à Casa Branca também se disse que nada iria mudar. Sabemos o que aconteceu depois...
4h28. Um emocionado apelo de McCain para que a América lute contra as adversidades. Muito interessante também a sua tentativa de fazer com que os seus apoiantes aceitem a "Presidência de Obama". Como era de esperar, silêncio ou assobios. Vai ser difícil digerir esta derrota para os Republicanos, obviamente.
4h26. McCain elogia Palin. A multidão reage com sentimentos mistos. Ela conseguiu entusiasmar a base, mas alienou muitos independentes. Nunca o poderemos saber, mas parece-me que com Romney ou mesmo Liebermann os Republicanos teriam mais hipóteses do que com a populista do Alaska.
4h19. McCain discursa e concede a derrota. Um candidato honrado, um político íntegro, um pensador moderado e consistente. Mas não conseguiu derrotar um adversário "larger than life". Que pena McCain não ter sido eleito em 2000 no lugar de George Bush...
4h15. Demorei um pouco mais do que pensava. E para minha irritação suprema, o "Blogger" apagou-me um post com múltiplas observações. Vou procurar recuperar o essencial: Obama vence na Costa do Pacífico, como esperado, e ganha oficialmente a eleição. A Virgínia, 44 anos depois, volta a preferir um Democrata. E a Florida, sempre no centro das atenções, também vai para Obama.
América a votos (em directo da TSF) (6)
2h58. Obama já lidera na Virgínia, Carolina do Norte e Florida. E no Indiana está bem lançado, pois faltam os resultados num condado muito populoso que favorece os Democratas.
2h49. Luís Nuno Rodrigues chamou a atenção para uma questão central de uma futura Presidência Obama: a revolução ao nível da política energética. Parece-me que Obama vai estimular as indústrias não-poluentes, incentivando uma "nova economia" e uma política ambiental em tudo oposta a George Bush.
2h46. Esqueci-me de dizer, mas Obama venceu no Novo México. A comunidade hispânica terá sido decisiva.
América a votos (em directo da TSF) (4)
2h37. Não vos quero tirar a emoção, mas não há caminho para McCain chegar à Casa Branca...
2h29. Problemas técnicos impediram-me de escrever, mas estou de volta. E com notícias cruciais. Obama venceu no Ohio e com isso ganhou a eleição.
América a votos (em directo da TSF) (3)
1h59. Daqui a um minuto, fecham as urnas em mais uma dezena de Estados.
1h54. As possibilidades de os Democratas chegarem aos 60 lugares no Senado são quase nulas. As vitórias Republicanas no Kentucky e na Geórgia reduziram drasticamente essas hipóteses.
1h51. Geórgia para os Republicanos. Obama deu luta, mas a tendência conservadora do Estado acabou por prevalecer. Olhos postos no Ohio, Florida e Virgínia.
1h38. Confirma-se que a Pensilvânia foi ganha por Obama. Amanhã serão muitos os que criticarão a estratégia de McCain, que investiu milhões no Estado, desconsiderando outros Estados decisivos.
1h37. 50% dos votos apurados no Indiana. McCain lidera por 3%, mas ainda é cedo para termos certezas.
1h33. João Carlos Barradas sublinha uma questão-chave: primeiro vencedor da noite - as empresas de sondagens. Até agora, nenhuma surpresa. Resultados sempre próximos das médias projectadas nas últimas semanas.
1h30. McCain ganha o Alabama e o Arkansas. Mais que esperado.
1h28. McCain parece ter descolado no Indiana (5% de vantagem), mas ainda não temos dados do condado de Lake (pró-Obama).
América a votos (em directo da TSF) (2)
1h20. Com o cenário actual, Obama venceria a eleição se ganhasse a Florida ou o Ohio. Muita atenção aos dados destes Estados. Para já, Obama está lançado na Florida (lidera por oito pontos, com 23% dos votos apurados).
1h17. A FOX News e a ABC dão o New Hampshire a Obama. Um Estado onde o carisma de McCain não foi suficiente para inverter a onda Democrata.
1h13. Manuela Franco salienta duas questões centrais desta eleição: a celebração de cidadania extraordinária que caracterizam as corridas eleitorais nos EUA; e a singularidade do processo político na América.
1h10. A ABC também dá a Pensilvânia para Obama. McCain tem nesta altura menos de 5% de hipóteses de vencer esta eleição.
1h08. A NBC dá a Pensilvânia a Obama. Se tal suceder, é um rude golpe nas possibilidades de McCain.
1h00. Um batalhão de resultados. Mas nenhuma surpresa. Obama vence claramente no Nordeste (Nova Jérsia, Delaware, Connecticut, D.C., Massachusetts, Maine, Maryland) e no seu Estado do Illinois. McCain vence o Tennessee e o Oklahoma. Ninguém arrisca previsões na Florida nem na Pensilvânia.
0h55. Momento muito interessante aqui na TSF. O maior elogio da noite a Obama? Nobre Guedes, do CDS-PP. A Direita portuguesa também cedeu ao encanto de Obama.
0h52. A SkyNews dá a Carolina do Sul para McCain. Seria escandaloso se tal não sucedesse. Este é um dos Estados mais conservadores dos Estados Unidos.
0h50. Daqui a dez minutos fecham as urnas em 15 Estados. Cruciais: Pensilvânia e Florida.
0h46. O Indiana vai ser renhidíssimo até ao fim. McCain lidera por 16 mil votos, com 20% dos votos apurados. O condado de Lake (cidade de Gary), pela proximidade de Chicago, poderá dar a vitória a Obama. Mas isto só se saberá daqui a muito tempo, creio.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
América a votos (em directo da TSF) (1)
0h38. Indefinição em múltiplos Estados. Esperado, por esta altura. Continuo a considerar que os momentos decisivos surgirão por volta da uma, uma e meia da manhã.
0h27. Os resultados do Indiana estão muito equilibrados. Com cerca de 13% dos votos apurados, McCain lidera por 3%. Uma derrota Republicana neste Estado seria fatal para as aspirações de McCain.
0h22. Daqui a oito minutos fecham as urnas no Ohio e na Carolina do Norte. Mas é provável que sejam declarados "too close too call"...
0h19. Há unanimidade na sala. Todos consideramos Obama claramente favorito.
0h10. Resultados de Bush em 2004: Geórgia (+17); Indiana (+21); Carolina do Sul (+17); Virgínia (+8). O facto de estes Estados não estarem definidos por esta altura é por isso um indicador relevante.
0h05. Kentucky (8 Votos Eleitorais) para McCain. Vermont (3) para Obama. Mais do que esperado.
0h02. Virgínia, Geórgia, Indiana e Carolina do Sul, "too close too call". Quatro Estados que votaram Bush em 2004 por enormes vantagens. Para já, McCain não tem razões para sorrir.
23h51. Os primeiros dados gerais via sondagens à boca das urnas são claramente favoráveis a Obama: 62% dos votantes disse que o tema que consideraram essencial para o seu voto foi a economia. Por outro lado, estamos perante recordes de afluência. Os jovens e os afro-americanos devem ser uma razão crucial para esta ocorrência. E nestes segmentos eleitorais já sabemos quem ganha de forma clara...
23h41. Já existem alguns resultados, mas nada de conclusivo. Daqui a quinze minutos fecham as urnas no Indiana e na Virgínia. Talvez já possamos saber qualquer coisa de interessante por essa altura.
23h34. Já cheguei à TSF. O ambiente é bom, mas algo tenso. Muita ansiedade na sala.
Cai o pano
Por outro lado, há a inevitável desilusão de saber que o processo termina aqui. Não há mais debates entre estes dois excepcionais candidatos, não há mais sondagens para analisar, não há mais comícios inflamados. Vai ser difícil desligar a ficha, confesso. Mas essa é, afinal, a natureza das coisas. Hoje, termina um ciclo. Amanhã começa outro. Que traga experiências tão emotivas e formidáveis como o que agora finda - eis o meu desejo.
McCain ainda pode ganhar a eleição?
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Boletim meteorológico para amanhã
Arlington, Virgínia: céu pouco nublado, máx 18, mín 13.
Toledo, Ohio: sol; máx 20, mín 13.
Scranton, Pensilvânia: céu nublado; máx 13, mín 9.
St. Louis, Missouri: sol; máx 23, mín 12.
Des Moines, Iowa: sol, máx 20, mín 12.
Denver, Colorado: sol; máx 20, mín 2.
Bom tempo, portanto. Ausência de chuva. Temperatura amena. Vários estudos indicam que os Democratas tendem a ser menos disciplinados na mobilização de voto (sobretudo os jovens e os afro-americanos), pelo que o mau tempo é usualmente prejudicial às pretensões do Partido Democrata. Neste cenário, ao invés, parece que Obama tem razões para sorrir.
Noite eleitoral
Citação do dia
Quando fecham as urnas?
3. A hora-chave, a meu ver, será entre a uma e a uma e meia da manhã. Nessa altura já teremos por certo resultados finais na Virgínia e Indiana; estaremos bem encaminhados no Ohio, Carolina do Norte e Florida; e devemos ter projecões e alguns dados sólidos na Pensilvânia. Estamos a falar de 107 Votos Eleitorais e de quase todos os Estados sobre os quais ainda recaem dúvidas. Se Obama ganhar a Florida, game over. Se Obama tiver ganho quaisquer outros dois Estados (excepto Indiana + Virgínia), game over. Noutro cenário, teremos que esperar pelo Iowa e pelo Oeste (CO, NM, NV) - ou seja, até pelo menos às 2.30-3 da manhã.
4. No caso da eleição ter sido equilibrada, mesmo que haja uma previsão clara de que Obama acabará por vencer, o anúncio oficial nunca deverá ocorrer antes das 4 da manhã, i.e., quando as urnas fecharem na Costa do Pacífico. Refiro-me à Califórnia, Oregon e Washington: é fácil prever que estes 73 Votos Eleitorais pertencerão a Obama, mas será necessário esperar oficialmente pelo fecho das urnas para declarar o resultado final da eleição.
Momento de humor (II)
"McCain is in a good position to win every red state," Black said. "Plus he is probably going to win Pennsylvania and Iowa".
McCain vai "provavelmente ganhar a Pensilvânia e o Iowa"? A sério? Obama lidera em todas as sondagens feitas na Pensilvânia desde o final de Abril. Estou a falar de 62 sondagens (RCP), excluindo as tracking polls (se as incluísse seriam mais de 150 sondagens sempre com Obama na frente). O Iowa conta a mesma história: McCain nunca liderou uma sondagem pública no Iowa (mais de 40 estudos de opinião). McCain pode ganhar estes Estados - notem bem - mas se o fizer será sempre uma enorme surpresa, e não fruto de uma situação "provável".
Quanto à ideia de que McCain está "numa boa posição para ganhar todos os red states", fico-me por um sorriso e uma pergunta: quais são as hipóteses matemáticas de McCain ganhar todos os Estados que Bush venceu em 2004? Mais facilmente eu ganho o Euromilhões...
domingo, 2 de novembro de 2008
Siglas e símbolos
Nesse mesmo ano, e por via do seu lugar primordial na vida política americana, o Partido Republicano foi alcunhado de Grand Old Party. Desde então a sigla GOP é utilizada com frequência para designar os Republicanos. Também na mesma época, Thomas Nast representava o Partido Republicano como um poderoso elefante que tudo destruía à sua passagem – sublinhando assim a sua hegemonia nos EUA. Por conseguinte, o elefante é hoje o símbolo dos Republicanos, embora o partido nunca o tenha reconhecido oficialmente.