Num momento extraordinário da vida política americana, Obama começou por mostrar que é afinal tão humano quanto nós – tropeçando no juramento e mostrando grande inquietação e nervosismo. O Discurso Inaugural foi contudo apresentado sem falhas, em torno de duas ideias principais.
Por um lado, a inscrição do momento actual de crise numa história maior – a americana – repleta de desafios e dificuldades. Obama mencionou as dificuldades do exército americano na luta pela independência, dos pioneiros na grande aventura da exploração do Oeste, ou dos imigrantes na sua tentativa para singrarem na América. Todavia, o Presidente não deixou de sublinhar que os Estados Unidos foram sempre capazes de enfrentar esses desafios, demonstrando uma notável capacidade de superação. Há muita gente que ainda não percebeu o que quer dizer Obama com “esperança”. Não se trata de aguardar por soluções messiânicas, mas sim de apelar ao engenho e ao espírito de luta americanos – que nos momentos mais difíceis ergueram uma e outra vez os Estados Unidos.
Em segundo lugar, é notável a forma como Obama, partindo dessa referência a uma narrativa comum, apela ao esforço pessoal de cada indivíduo e à sua intervenção cívica – percebendo que o verdadeiro progresso de uma sociedade depende afinal do contributo de cada um dos seus membros. Estamos, pois, perante um verdadeiro elogio da cidadania – próprio aliás da tradição política americana – que destaca a singularidade de cada indivíduo, destacando simultaneamente o seu papel determinante num tecido social plural. É uma mensagem que o mundo de hoje – e em particular o espaço europeu (onde os indivíduos parecem cada vez mais avessos a assumirem as suas responsabilidades cívicas) – devia considerar atentamente.
U.S. Military to Withdraw Troops From Niger
Há 29 minutos